quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Dália Negra

Se os ventos continuarem com a força que estão
Acho que não poderei ver vinte e cinco primaveras
Ao analisar de uma forma imparcial e fazendo piadinhas
Diria que estou meio morto

Fico encostado na minha janela, brincando de boneco namoradeiro
Olhando o tempo passar, contando as flores que estão no meu jardim
Quando estou distraído, sempre passa um e arranca flores
Flores que estavam amadurecendo, flores que estava guardando

Por vezes quem arranca as flores para pra conversar
Pede um café, os abusados, então, pedem um banco para sentar
Dedos de prosa, encantos rápidos, conversas que tendem a durar
'Volto amanhã, jovem jardineiro' e assim me deixam a esperar

Poucos bons, raros os úteis
Troco meia dúzia de salafrários por um vaso de Dálias Negras
Ou por um conjunto de peças para cavar meus próprios buracos
Já que um dia, um jovem me deixou a flores que sugaram tudo de minha terra

As primaveras vão, as flores são levadas
O café já é feito sem vontade, e assim como a terra, está seco
Espero que quando o vento forte vier e quebrar minha janela
Eu já tenha tido tempo de prosear com quem cultivou meu jardim

Ass: Pedro Cholodoski


Dália, a flor que representa o Reconhecimento, harmonia e gentileza.


terça-feira, 21 de agosto de 2012

Pares

E tudo que se foi, e tudo que se virá, e tudo que se é
E por mais que tudo viaje e se renove, o ponto de partida é sempre o mesmo
Os pares de pés que percorrem o caminho são sempre os mesmos
Contudo, conforme mais você caminha de forma descuidada,
Suas pernas se tornarão mais cansadas
E seus pés, mais machucados com as pedras pisadas

Realmente existe a necessidade de caminhar o tortuoso ciclo?
Existe realmente uma bela vista quando chegarmos ao topo do morro?
As cores que estão presentes no céu são suficientes pra colorir todo esse meu corpo?
Deveria esperar somente a noite chegar?

No escuro, não é possível ver a cor do sangue que corre
O breu domina os olhos cujos buracos se expandem procurando a saída
A pele sente o vento frio que domina, sente o calor do sangue
E pra cada respiração, é um pedido de sobrevivência que é transmitido

As lágrimas, tão individuais e tão coletivas, correm
Vão seguindo seu caminho, por vezes pegando o caminho alheio
Porém, por mais que criem todo este percurso
Sua queda é certa

ass: Pedro Arthur Cholodoski

Nota do escritor: ''e tudo que se virá'' foi criado a partir de uma liberdade poética, antes que alguém venha me encher