quarta-feira, 18 de julho de 2012

Maré

1 2 3 testando o som do mar.
Queria eu trocar a maioria dos barulhos presentes na minha vida por barulho de mar. É inconstante, repetitivo, varia de volume sem o uso de aparelhos e relaxa a alma. E também, querendo ou não, é a trilha sonora eterna dos meus momentos românticos, que se tornaram momentos de despedida.
Tudo isso é engraçado porque toda vez que vou com alguém especial na praia, é meio que um sinal de despedida. Acho que o mar, em toda sua graça, usa sua música encantadora pra registrar meu momento e guarda-lo pra sempre em cada quebra de onda. Acho que ele pode fazer parte do meu julgamento, sendo juiz, jurado ou testemunha, tanto de defesa como de ataque. 


Nosso julgamento pras coisas, tanto nossas quanto alheias, é sempre danificado, e nossos únicos juízes sinceros somos nós mesmos. Quando fazemos algo, somente nós sabemos o verdadeiro motivo para a ação ocorrida. Mas, querendo ou não, sempre somos julgados ou julgaremos as coisas. Seja condenando, ou seja aprovando. Mas ninguém pode ser juiz de ninguém, pelos conceitos e preconceitos, paixão, carinho e ódio que sentimos. Sempre alguém virá com ''ele é uma ótima pessoa, nunca faria isso com ninguém, eu o conheço a anos'' e alguém com ''esse ai é um filha da puta cretino, merece umas boas porradas''. A lei, a moral e os princípios são estudados para tentarmos ter a capacidade de criar um padrão de julgamento, mas e quando os próprios crimes são permitidos dentro deste padrão, mas ocorre um julgamento? Não é possível fugir disto enquanto houver o quesito coletivo de pensamento e culpa. Chegamos, então, no julgamento do mar.


uma certa vez, fui com 3 pessoas passear na praia em um fim de tarde, e mandei sentarmos na areia pra ver o surgimento da noite. Lá, mandei fecharem os olhos e prestarem atenção no que ouviam. Era incrível, pois se olhássemos para frente e esquecêssemos que havia uma cidade atrás de nós, ouviríamos somente o barulho do mar e som das nossas vozes.


Enfim, o barulho do mar vem e vai, assim como a abstração dos pensamentos. conforme começa o embaralhamento das coisas, podemos ir percebendo as verdadeiras motivações, os verdadeiros desejos e tudo que nos fez agir de certa forma, seja ela certa ou errada. Só o próprio réu pode sofrer o julgamento, cujo juiz é si mesmo, pois ele se conhece com perfeição a ponto de conhecer seus crimes e milagres. Abra o jogo pra si mesmo, não esconda as verdades que você sente por trás de pretextos, contextos e compaixão própria, pois assim o caminho pra auto-condenação é inevitável.


Uma vez eu disse: ''No fim, não importa os romances, não importa as pessoas, sempre nos imaginaremos nos mesmos lugares, fazendo as mesmas coisas.''


E acho que nesses lugares, eu consigo selar tudo de bom, e enquanto houver a música deste artista sem fim, qualquer julgamento e qualquer memória será verdadeira. Tanto para mim, quanto para terceiros.Mas acho que o mar fica de ressaca pra jogar pro alto as coisas. Só isso a dizer. E cabe a vocês entenderem, interpretarem e absorverem. Não forçarei ninguém a ser especialista em ocultismo e liberdade poética






Assinado: Pedro Arthur Cholodoski

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